Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro 31, 2016

POIS...

António Lobo Antunes, um dos meus favoritos (de leitura difícil. Criticam - o tal despeito) Pois...como se o rasgar de nevoeiros cerrados dos estados de alma fosse possível com facas de manteiga; José Saramago, outro dos meus favoritos (escrita densa, militante, sem pontuação. Criticam - a tal fábula da Raposa e as Uvas) Pois... como se a substância da cruz que a maioria dos humanos carrega fosse possível afrontar com tratados de tarologia ou manigância de sofismas. António Lobo Antunes e José Saramago, dois enormes portugueses, consagrados na literatura universal.                                                                                         Manuel Correia Fernandes

O MEU AMOR AINDA DORME

                                                         foto Net O meu amor ainda dorme nesta manhã feita de risos para a qual não há bocas de espingardas; só bocas para falar de amor Não há dedos para gatilhos só dedos para acariciar Nesta manhã sob o tecto da Graça do verbo amar o presente florido e não, o perfeito estiolado Nesta manhã há crianças felizes há mulheres felizes há homens felizes há anciães felizes... Os agiotas do empobrecer vão falindo à falta de clientela Nesta manhã sons profanos: áceros gemidos do 28  pelos carris da CARRIS assobios do padeiro grasnares de gaivotas desiludidas com o Tejo... Numa simbiose encantatória decantam na concha do meu ouvido Nesta manhã um olhar diferente para a grande estrada de água a meus pés Hesito entre subir numa falua aos Avieiros de Alves Redol ou descer ao Atlântico na companhia tágides camonianas Enfim... como um afecto pode transformar manhã macil

INQUIETAÇÃO

                                                                                            foto Net Inquietam-me os dias fragmentados de discursos grandiloquentes despertados em prosas menores Inquieta-me o bem estar enquanto a meu lado nesta aldeia global face ao Universo grassam fome, epidemias, ódios e rancores onde seres bombas se fazem explodir e guerras se fomentam com os contendores a exaltarem acatação de um deus Inquieto-me comigo quando numa passividade inquietante frente ao televisor   vejo um tsumani engolir casas e vidas enquanto vou resmungando com casca de limão ulcerada nadando no meu copo de martini Inquieta-me já não ter lágrimas ao canto do olho para factos dramáticos E inquieta-me ainda mais prever que neste mundo desapiedado irei sentir a falta da terna paciência de minha mãe para me mudar a fralda quando minhas faculdades falirem por completo