RETRATOS
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Digo-te: estou só, mas não estou sozinho!
Registos fotográficos fazem-me companhia
Alegria, amor, compaixão, doçura... tenho pendurado na parede
Repara nesta foto aqui, hilariante!
Em tarde louca de outono, em fundo de árvores doiradas
Zacarias, boca de charroco com dentes enodados de tabaco
Ri-se desbragadamente do nosso amigo Tomás
Que numa dentada bárbara
Tragou pedaço de maçã
Sem piedade de lagartinha nele hospedado
E aquela ali, repara no contraste: tristeza iluminada!
Velhota desgrenhada
Proprietária de casa metida em saco de plástico
De alicerces afundados em banco de jardim
Com paciência de Job e olhos contagiantes
De miolinho em miolinho
Partilha naco de pão com bando de mendigos pardais
E esta aqui, doçura surpreendente!
Sob o céu azul único de Lisboa
Jovem anónimo, lindo qual Adónis
Tira os sapatos e dá-os a sem-abrigo
De pés nus encardidos e olhos agradecidos
Deitado em soleira de prédio devoluto
Por fim, esta, a que mais me toca!
A meio de passadeira para peões
Educadora de infância empunhando STOP gigante
Acautela a travessia de vinte e dois filhos em fila indiana
Sinto-a cuidar do futuro
Que vai passando de mãos dadas com graciosidade e alegria
Só, mas acompanhado, tento convencer-me
Confesso, não é bem assim
A realidade é outra
Falta-me o calor da amizade
Falta-me o sabor da ternura
M.C.Fernandes
Digo-te: estou só, mas não estou sozinho!
Registos fotográficos fazem-me companhia
Alegria, amor, compaixão, doçura... tenho pendurado na parede
Repara nesta foto aqui, hilariante!
Em tarde louca de outono, em fundo de árvores doiradas
Zacarias, boca de charroco com dentes enodados de tabaco
Ri-se desbragadamente do nosso amigo Tomás
Que numa dentada bárbara
Tragou pedaço de maçã
Sem piedade de lagartinha nele hospedado
E aquela ali, repara no contraste: tristeza iluminada!
Velhota desgrenhada
Proprietária de casa metida em saco de plástico
De alicerces afundados em banco de jardim
Com paciência de Job e olhos contagiantes
De miolinho em miolinho
Partilha naco de pão com bando de mendigos pardais
E esta aqui, doçura surpreendente!
Sob o céu azul único de Lisboa
Jovem anónimo, lindo qual Adónis
Tira os sapatos e dá-os a sem-abrigo
De pés nus encardidos e olhos agradecidos
Deitado em soleira de prédio devoluto
Por fim, esta, a que mais me toca!
A meio de passadeira para peões
Educadora de infância empunhando STOP gigante
Acautela a travessia de vinte e dois filhos em fila indiana
Sinto-a cuidar do futuro
Que vai passando de mãos dadas com graciosidade e alegria
Só, mas acompanhado, tento convencer-me
Confesso, não é bem assim
A realidade é outra
Falta-me o calor da amizade
Falta-me o sabor da ternura
M.C.Fernandes
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