AMARELO

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No manto do tempo
estampo amarelos
cor de goivos
do canteiro da minha memória

Amarelo o sol
na distância de 149 milhões de quilómetros

Amarelado, o lugre
álacre passarinho
num galho da minha infância
de canto mavioso
anunciador de crepúsculos matinais

Amarela a tez de Guilherme
no rosto grave
lavrado de canseiras e brutalidade
Seviciado no Aljube
por não transigir quanto aos seus ideais
Cor que ainda hoje conservo
no pesaroso castanho dos meus olhos

Amarela
a cor magoada da folha de plátano
supressora do verde esplendoroso primaveril
pressentindo preocupações de Noé
e lâminas de água geradas a zero graus
que queimam sem fogo
montes, vales, planícies...

Amarela
a fita que escolho
para enfeitar caixinha com lembrança
para ter de retorno
um feliz sorriso de criança

                                                               Manuel Correia Fernandes
                                                               macofernandes@gmail.com 

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