MENIR
Admiro-te!
Estático, singelo, majestoso
Imortal, mesmo se a pó fores reduzido
Por ignorante empreiteiro
Se a sabedoria não te veiculasse
Serias apenas uma pedra, fragmento volumoso de rocha
Observar-te-ia sem te observar
Serias apenas um granítico poste, um apêndice gigante
Sem demarcação de carga mística
Onde guerreiros sararam suas feridas e mágoas
Onde almas aflitas rogaram
A um ou mais deuses inclinados aos seus anseios
Emprestas-me densidade imaginativa
Ocorrendo-me outros tempos:
Onde um aperto de mão honrava um compromisso
E uma corça não era abatida
Apenas pelo prazer de matar;
Onde um damasco ruborizava ao sol
Ligado ao seu cordão umbilical
E jamais seria um prematuro
Separado do pedúnculo
Sobrevivendo encaixotado em sombrio armazém;
Onde ancião em qualquer lugarejo
Era estimado
Cuidado
E atentamente escutado
Manuel Correia Fernandes
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