ASSIM VAI O MUNDO ( de carro ou como?)
Nem o Pio de coruja é soturno
Nem o adágio de Albinoni é pródigo de alegria
Apenas simbiose de conveniências
No limbo de entretenimento vazio, pueril e de encanto
Tudo depende de como o sentimento traja na altura
Qual padeiro amasso palavras de lava ou de gelo
Levando-as depois ao forno da consciência
Eu sei. Sei porque quiz reparar que a jovem Marta
Vizinha do quinto andar
Cozinheira envelhecida pela canga da família aos ombros
Parte de casa pela madrugada e regressa à noite
Sob o véu da obscuridade que lhe dissipa frontais traços de cansaço
Dela não sobram notícias
Apenas as que hoje faço soar
Contrariamente, fulana X, namorada de alguém famoso
É propalada nos canais TV em hora de ponta
Porque em convés de luxuoso iate
De entre ledos convivas exibe seios doirados
Naturais ou cirurgicamente moldados
Pela fulana X as TVs se
digladiam ou se babam para a anunciarem
E eu acho enorme piada
Quando o apresentador proclama em tom solene:
ASSIM VAI O MUNDO
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