EXAUSTO, DOU-ME POR DERROTADO (Poema sobre pintura de Francisco Bronze)
Pintura de Francisco Bronze
in livro Linhas do Sentir
Exausto, dou-me por derrotadoNestas longas noites em ti fixado
Ventos agrestes me foram soprados
Violoncelos monocórdicos, desafinados
Sem um afecto, sem doce primavera
Apenas aguda dor, que fere que desespera
Numa muito longa e improfícua espera
Perguntei-me
Perguntei-te:
Onde estás tu, musa esplendorosa
Que transformavas bisonho cardo numa rosa
E distinguias-me do arco-íris a cor mais formosa?
Decepcionado, abro minha mão
Nua, vazia. Não te vejo, inspiração
Desiludido, incapaz, acabrunhado
Arrumo seco pincel, antes, de sonho molhado
Desisto. Exausto, dou-me por derrotado
Manuel Correia Fernandes
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