AUTOESTRADA PP (PASSADO/PRESENTE)
Foto Net
tocando as estrelas com os bicos dos pés
Num vai-vem curvilíneo
centrifugava sangue novo sem reticências
Boquiaberta veneravas teu intrépito ídolo
Era tempo em que percorria verdes campos
pesquisando papoila por papoila
para te oferecer joaninha cor de sangue pintalgada de carvão
Era tempo em que acendíamos
com fundo de garrafa quebrada apontado ao sol
cigarros de barba de milho enrolados em pedaço de jornal
E, entre risos, por fumarada indistinta, tossíamos e cuspíamos
Era tempo em que pelos teus lábios cor de cereja
expedias a pergunta:
como é que um menino pode sair por aqui?
Eu olhava para o "aqui" perfeito e implume
e encolhia os ombros derrotado pela inocência
Regressamos por intuição ao local do nosso baloiço
sepultado por longinqua e larga fita negra
De mãos dadas fixamo-nos na autoestrada PP
a que liga o Passado ao Presente
Manuel Correia Fernandes
Comentários
Enviar um comentário