DA ESQUINA BRUTA


Poetas, poetas, do meu país vilipendiado
Com imagens, metáforas
Arredondais esquinas de pensamento revoltado
Adoçais meu coração
Por tanto, minha gratidão!


Mas suspeito que a revolta se estende a vós
Porque lutaram nossos avós?
E soldados, recusando sepulcros africanos
Ressarcindo outros e nós, de penosos danos?!
Depois de uma Vila Morena
Redigiram liberdade com viva pena


E foi um festim de utopias
Sarámos dores por futuras alegrias
Escancarámos repetida ingenuidade
Confundimos o campo, o mar e a cidade
Disseram-nos: acabou-se a localidade!


Mas, oh! nas capitais os cadeirões
São sempre dos mesmos figurões!
Que nos sugam
Nos espremem até ao tutano
Em sorrisos brancos
Depois dum whisky e dum habano


Poetas, poetas, do meu país
Não, a mais poemas com esquinas arredondadas!
Da esquina bruta
Golfadas de nosso sangue, de nossa luta!

Comentários

  1. OLá Manuel Fernandes

    Que saudades tinha da tua poesia!
    E para quando,vires até Lisboa à nossa ´tertulia?
    Eu sei que o tempo ainda não convida , mas espero, um dia quem sabe?
    Uma Páscoa feliz Um abraço
    Manuela

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