A B ANDA DA MINHA TERRA


Na minha terra há uma colectividade
Que tem uma banda filarmónica
E, ao lado, há outra terra que tem duas colectividades
Cada uma, com sua banda
Duas terras e três bandas
Mas para que servem?
Presumível interrogação do Poder
Que, para a Defesa, distribuíu fortuna inquietante
Para modernização armamentista
E foi incapaz, de pelo menos
Subsidiar a aquisição de um novo trombone
Para a banda da minha terra
Pois, o existente, tem idade provecta

Caminheiro de tristeza em hora fúnebre
Catalisador de alegria em coretos, arraiais e romarias
Arauto da liberdade na derrota dos opressores
De tantas marchas, polcas, mazurcas e malagueñas
Valsas, swings, fox'trot, viras e fandangos...
O trombone da banda da minha terra
Encontra-se cansado e molestado de corrosões
A solda disfarçadas

No próximo ano
A colectividade da minha terra terá um século de vida
É garantido que os músicos da banda
Rapazes e raparigas, de mãos dadas com os mais velhos
Festejarão a data centenária
E, armados de trompa, trombone e bombardino
Saxofone, flauta, flautim e requinta
Trompete, clarinete, tuba e fagote
Bateria, bombo, caixa e tímbalos
Disparão vibrantes trechos musicais
Odes ao trabalho, à paz e à fraternidade
E, muito especialmente, hinos de louvor
À centenária colectividade da minha terra
Que teima em ter uma banda
Que o Poder faz por ignorar
Privilegiando mais a voz das armas
Que a voz dos instrumentos da banda da minha terra
E, naturalmente, das bandas do meu país

Comentários

  1. Manuel! Visitei o seu blogue. Pouco li porque estava com pressa para visitar o meu quintal. Não a Quinta de FarmVille. De qualquer modo também não sei se aproveitei todas as possibilidades oferecidas. Decerto que não. Com mais tempo poderei ver melhor. Também não imagino se deverei ou não partilhar. Sou apenas principiante.Por isso o meu comentário é tão simples.

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